“Não se pode trabalhar sem combustível, porque a máquina humana é igual a qualquer outra e o combustível da máquina humana é o alimento.” (Josué de Castro)

quarta-feira, 6 de abril de 2011



Discussão de Artigo


O MAL DE MINAMATA e EFEITO SOBRE A POPULAÇÃO 

            Em uma de suas crônicas, Moacyr Scliar fez referência a uma cidade onde os gatos dançavam e as pessoas morriam. A cidade em questão, pequena, localizada à beira-mar no Japão entrou definitivamente para a história, mas não de uma forma da qual pudesse se orgulhar. Minamata presenciou e viveu um dos maiores casos de desastre ecológico que terminou por resultar no envenenamento de milhares de pessoas, diagnosticadas com o que se chamou de Mal de Minamata.
            A população dessa cidade sobrevivia na região através da pesca principalmente, sendo o consumo de pescado freqüente entre os moradores. E foi através desse consumo que a intoxicação ocorreu.
            Na década de 30, a pequena cidade viu a instalação de uma grande indústria química: a Chisso, grande fabricante de Acetaldeído, que era utilizado na produção de material plástico, fertilizantes e outros químicos, responsável por dar emprego a muitos dos que ali habitavam. O fato, é que os resíduos gerados pela indústria, que continham concentrações de mercúrio metilado eram despejados nas águas próximas, e o resultado final foi à contaminação dos peixes.
            Nos anos 50, os primeiros casos de intoxicação começaram a aparecer, pessoas e animais passaram a apresentar sintomas neurológicos, como falta de coordenação motora. Percebeu-se que as pessoas acometidas, residiam próximas à baía e que sua dieta estava centrada no consumo de peixes. A análise que se seguiu apontou a presença de metilmercúrio e acusou que a fauna estava contaminada.
            Muitos morreram, e muitos nasceram com os sinais da intoxicação sofrida, refletidas pela má formação congênita de crianças que nasceram cegas, surdas e com membros deformados. Os protestos, após as descobertas tiveram início, era um protesto social, onde a população entrou em conflito não só com a empresa, mas com os empregados da mesma, que temiam por perder seus empregos, dependendo do rumo que a situação tivesse.
            No final, a indústria acabou por mudar de atitude, devido à pressão e somente após quatro décadas, no ano de 1997, quando muitos já haviam morrido por causa disso, a justiça declarou que 10.353 pessoas seriam aptas a receber uma indenização desta corporação, o que com certeza, não apaga ou melhora todo o dano sofrido por aqueles que o viram de perto.

Referências:
                   Crônica de Moacyr Scliar
                   O drama do mercúrio de Minamata

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